A maioria das pessoas conhece ou já ouviu falar do Alfred Hitchcok, se não conhece, nada como dar uma olhada no trabalho do cineasta clicando aqui.
Hitchcock é absolutamente genial na construção das histórias utilizando o mínimo possível de falas no roteiro. A ação, as imagens e a questão simbólica são tratadas com um preciosismo pouco visto em outros cineastas. Tudo na composição faz sentido e orienta o olhar para os objetivos do diretor.
Esta é uma prática que exige um trabalho muito minucioso e um controle enorme na contação de uma história. E exige uma clareza de pensamento muito grande também.
Um roteirista preguiçoso evita isto, e transforma todo o simbolismo e informação relevante em diálogos na boca dos personagens. Já reparou como personagem de novela almoça, janta, sempre está sentado? E fala, fala, fala. Todo o roteiro está estabelecido no diálogo. De acordo com bons roteiristas que conheço, isto é preguiça, é restringir a comunicação ao que as pessoas falam. E nós, quando assistimos um filme ou série, percebemos quando a ação do personagem traz uma nova visão para a trama, ou quando uma iluminação complementa um sentimento que percebíamos mas não conseguíamos definir.
Hoje vamos falar sobre um truque genial de roteiro de Hitchcock, que é o MacGuffin.
O MacGuffin é um recurso de roteiro usado para ajudar a conduzir uma história, mas não é a história em si, ele apenas serve para atiçar a curiosidade do público a tentar entender o que está acontecendo. Ao redor do MacGuffin vão acontecendo as verdadeiras histórias dos personagens.
Por que aqueles espiões querem tanto agarrar o herói? O que tem dentro da mala do vilão? Onde fica o esconderijo do bandido? Tudo isto são MacGuffins, e o Hitchcock era mestre em inseri-los nas suas histórias.
Mas muito roteirista acha que o MacGuffin é o filme, e este é um erro muito comum, e mortal para um filme. A tensão não é apenas decorrente do MacGuffin, mas sim das relações entre os personagens. O MacGuffin permite que a história se desenrole, ele dá um tempero, mas ele não é a história.
De certa maneira, o estilo cinematográfico chamado de Whodunnit (filmes que sustentam uma suspeita sobre quem é o culpado) é um tipo de MacGuffin gigante, dilatado até se transformar no filme como um todo.
Se você pensar bem, ao aceitar que o MacGuffin é apenas uma técnica para condução temperada de uma história, precisamos rever sobre o que realmente é nossa história. A trama construída pelo MacGuffin pode parecer que define sobre o que é a história, mas uma história vai muito além de um recurso da trama. Ou não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário