terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Maior Desafio de Lula - O Silêncio da Sociedade


 Um dos mais estranhos fenômenos sociais está acontecendo neste exato momento, enquanto escrevo este artigo. É o silêncio da sociedade e da mídia a respeito do caso do escritório do Gabinete da Presidência em São Paulo. A responsável por ele, de apelido Rose, foi investigada pela Polícia Federal, mas sem ter o sigilo telefônico quebrado pela justiça por mais de um ano, mesmo se sabendo que ela provavelmente gerenciava um grupo de favorecidos pelo Governo Federal. Muitas pessoas, pelo que entendi, foram indicadas para cargos importantes através de indicações pessoais.

Poucos portais, jornais e revistas estão explorando o caso, e em todos eles não há destaque para o fato. Ele é tratado com descrição, sendo que teria todo o potencial para ser bombástico. 
Se você garimpar nas notícias de fontes sérias vai saber que:

- O Gabinete é subordinado à Presidência da República, apesar do governo dizer que ele não tem função relevante e que não despacha questões importantes para o governo (para que ter, então?). Se o Presidenta Dilma não sabe do que acontece neste escritório, com certeza Gilberto Carvalho sabe.

- De acordo com as notícias, Rose é pessoa próxima de Lula, várias notícias falam sobre uma "relação de afeto" entre eles, alguns falam que ela é amante de Lula, e outros dizem que ela se apresentava como "Namorada do Lula".

- Cargos importantes parecem ter sido distribuídos sem a análise devida, apenas pela afinidade com Rose (e consequentemente por Lula, já que ela em si só é personagem relevante pelo vínculo com Lula). A diretoria da ANAC, que regula toda a aviação brasileira, teria sido dado para o ex-marido de Rose. Há suspeitas de desvios de dinheiro também.

A gravidade dos fatos não condiz com a repercussão que eles tiveram. E é isto que me chama a atenção. Acho curioso que se alguém maltrata um cachorro milhares de fotos são trocadas e compartilhadas no Facebook, centenas de pessoas trocaram seus nomes nos perfis para incluir algum nome indígena para chamar a atenção do problema indígena brasileiro. Mas ninguém fala do Lula.

Não acho que seja ignorância da população nem da mídia. Existe um julgamento em andamento, daqueles que só se pensa, e não se fala. Um tipo de julgamento velado, que ainda sim é julgamento. É ele que gera os estigmas sociais, marcas que as pessoas carregam e que não são ditas, apenas sugeridas nas entrelinhas.

O silêncio, neste caso, prejudica o Lula e o PT. É um silêncio perturbador.

Talvez seja um jeito brasileiro de tratar um real escândalo, diferentemente dos americanos (que explorariam a questão moral do adultério), dos europeus (pelo tráfico de influência) ou dos japoneses (pela vergonha moral pessoal), talvez aqui no Brasil o silêncio seja o maior julgamento do caso. E posso garantir, como especialista em comunicação, que gerenciar o impacto deste silêncio vai ser o maior desafio dos especialistas em comunicação do governo, principalmente pelo fato deles imaginarem num primeiro momento que o silêncio é positivo para a situação. 
Não é. Veremos em breve como o silêncio vai se manifestar nas pesquisas de opinião e de satisfação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário