terça-feira, 30 de outubro de 2012

Gangnam Style ou Como o Riso pode Superar a Sinalização Dispendiosa

Para quem não sabe "Sinalização Dispendiosa" é um conceito criado nos anos 1960 a partir da observação das estratégias de animais sociais para se posicionarem dentro de seu grupo, quer seja para se afirmarem perante seus pares, quer seja para obterem  maiores chances de reprodução (as duas coisas na verdade andam juntas).
De pássaros a humanos, há uma série de animais que buscam aparentar ou demonstrar algo acima de suas possibilidades. No caso dos animais, muitas vezes é a força ou a habilidade em realizar manobras que exaurem suas energias. No caso dos humanos dos dias de hoje, a sinalização muitas vezes se apresenta em forma de exuberância de consumo.
Esta tentativa de impressionar os seus pares não é recente, faz parte da nossa história evolutiva.

Da mesma maneira o Riso é antigo conhecido de nossa raça. Curiosamente ele evolui de um ato de confrontamento. Ao se sentir ameaçado, mostramos nossos dentes, para mostrar nossa capacidade de gerar danos no adversário. Eriçamos os pêlos também, para aparentarmos ser maiores do que somos.
Mas com o tempo o ato de mostrar os dentes se tornou o Riso. e temos neurônios especializados capazes de gerar mimetismo motor perante ele, ou seja, se alguém ri para a gente os neurônios-espelho identificam esta expressão e tendemos a rir também. O que surgiu como sistema de defesa (ou contra-ataque) hoje é uma das bases da empatia.

Gangnam Style, o sucesso pop coreano do momento é uma prova de que o Riso pode ser uma poderosa forma de contestação social à Sinalização Dispendiosa e aos símbolos de status decorrentes dela. A música eletrônica é de boa qualidade e o vídeo (e a letra) ironizam o bairro elegante de Gangnam em Seoul, na Coréia. A ironia vai na direção também daqueles que não são da elite, mas que tentam se comportar como ela, numa tentativa de "alpinismo social".
Além do fato de confirmar definitivamente a importância da cultura coreana nos tempos de hoje, o vídeo também mostra que o humor pode ser uma ferramenta incisiva perante os símbolos de status vigentes.

Curiosamente outros símbolos perdem a relevância. A sátira criada pelos alunos do MIT, universidade de elite americana, mostra esta transição. Estudar numa das mais importantes escolas do mundo parece não ser tão importante quanto ser Pop. Tanto que a paródia que eles fizeram parece querer aproveitar o sucesso da música para projetar uma imagem da instituição que, a princípio, deveria falar por si própria. Assista e veja como parece um vídeo institucional gozadinho.


Fico feliz que o humor tenha ganhado na luta com as sinalizações de status. Mas me deixa meio apreensivo saber que uma universidade do porte do MIT precise fazer um institucional para poder afirmar que têm algum valor no mundo de hoje.

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