quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Redes Sociais - O Vetor e o Leitor

Há uma regra básica no Marketing Contemporâneo que muitas vezes não é lembrada: O Vetor é mais importante que o Leitor.
Antigamente se buscava atingir o seu público-alvo. O que se queria era conseguir "entregar"  a mensagem para o potencial cliente de uma empresa. 
Na Televisão o pessoal analisava o perfil da audiência de determinados programas e depois criava uma ação pensando em atingir este público, era importante que esta pessoa atingida "comprasse a ideia" da marca ou produto e guardasse esta ideia na memória para quando fosse para um Ponto de Venda tivesse preferência por esta marca em detrimento das outras.
Hoje a questão de orientar o consumo ainda é válida na comunicação, mas incluiu novos fatores, o que complicou um pouco a vida dos publicitários.

A principal delas é que não adianta mais apenas esperar que o público atingido memorize a mensagem, ele precisa ir além disto. Agora uma boa ação publicitária precisa que o público compartilhe a mensagem, ele não é mais o fim da comunicação, ele é parte dela.

É importante estar atento a isto. Quem trabalha com Redes Sociais já deve ter observado algumas Fan Pages com milhares de "Curtir" e poucos posts compartilhados. Esta é uma situação delicada, pois apesar de existir uma predisposição positiva de um grupo de saber mais sobre a marca ou produto, esta comunidade não está sendo abastecida de conteúdo relevante a ponto de disseminar a mensagem da empresa.


A primeira regra para estimular o compartilhamento é a Relevância do Conteúdo
O que significa isto? Que o conteúdo precisa ser relevante? Isto todos sabemos, o que não levamos em consideração é a Relevância Para Quem! Se a mensagem não for relevante para o público, se ela não fizer sentido para esta pessoa em especial, ela não será compartilhada. E têm muita gente ainda pensando em relevância para a Marca, e não para o público.  É na intersecção entre a relevância para a pessoa e para a Marca que o diálogo pode acontecer, e o compartihamento também.


A segunda regra é compreender a dinâmica (sazonalidade) do Fluxo do Tempo
Não é possível pensar Redes Sociais sem ser como um grande e longo Diálogo. É uma conversa, que tem momentos distintos. Alguns assuntos precisam evoluir com o passar do tempo, outros precisam ser falados numa hora mais ou menos apropriada. Da mesma maneira que na vida real alguns assuntos devem ser falados em determinados momentos e situações, isto também vale para as Redes Sociais. Um exemplo? Tente falar sobre um assunto sério e técnico no final do dia de uma sexta-feira e verá sua mensagem morrer sem ser compartilhada por ninguém...


A terceira regra é a Definição das Abordagens dos Temas
Uma empresa têm um estilo de comunicação, um jeito de falar, da mesma maneira que diferentes culturas pelo mundo têm códigos distintos para o relacionamento interpessoal. Brasileiros dão beijo no ambiente de trabalho, Americanos não.
Como você vai "falar" com sua comunidade? Vai adotar a linguagem dela ou assumir sua linguagem padrão?
O risco de adotar a linguagem de sua comunidade é tentar usar uma terminologia que não está no seu cotidiano, e parecer que está "forçando a barra", como quando vemos pessoas mais velhas tentando usar roupas jovens e gírias para se enturmar com a "galera". Nem sempre dá certo...

Caso você queira saber mais sobre Redes Sociais, escrevi um pequeno e-book sobre o tema, para baixar é só clicar aqui.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Publicidade Ruim é Publicidade Boa?

Há uma controvérsia nos dias de hoje em relação ao que é Boa ou Má Publicidade, já que em alguns momentos chamar a atenção é mais importante do que estar alinhada com alguma estratégia da empresa, etc.
A busca pelo impacto é maior que a busca pela comunicação ou coerência, mas isto já é fato, não estamos falando nada de novo.
Isto é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom quando vemos que as empresas de comunicação e tecnologia estão liderando no mercado em ações inovadoras, e isto acaba contagiando positivamente outros aspectos como modelos de negócio e de gestão. Uma das empresas mais admiradas do mundo é a Google, por exemplo. Tem gente que sonha em trabalhar num escritório como o deles.
É positivo também quando o Diretor de Marketing Global da Coca-Cola diz que é melhor errar do que ficar parado, o que faz com que as empresas comecem a aceitar que o erro é parte do processo, e não algo a ser evitado o tempo todo.

Mas o aspecto negativo é que tem muita coisa mal-feita sendo anunciada por aí. A Business Insider publicou uma lista com os dez piores comerciais do ano, e o que posso falar é que eles foram até modestos na seleção. Têm coisa muito pior por aí. Mal gosto, grosserias, sexismo, cópias descaradas... Acho que não era sobre isto que o cara da Coca-Cola estava falando. Ousadia é bem diferente de falta de qualidade.

Mas o caráter da publicidade é volatil por natureza, ou seja, daqui a pouco surge outra novidade e todo mundo esquece. Ou era para ser diferente?

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Maior Desafio de Lula - O Silêncio da Sociedade


 Um dos mais estranhos fenômenos sociais está acontecendo neste exato momento, enquanto escrevo este artigo. É o silêncio da sociedade e da mídia a respeito do caso do escritório do Gabinete da Presidência em São Paulo. A responsável por ele, de apelido Rose, foi investigada pela Polícia Federal, mas sem ter o sigilo telefônico quebrado pela justiça por mais de um ano, mesmo se sabendo que ela provavelmente gerenciava um grupo de favorecidos pelo Governo Federal. Muitas pessoas, pelo que entendi, foram indicadas para cargos importantes através de indicações pessoais.

Poucos portais, jornais e revistas estão explorando o caso, e em todos eles não há destaque para o fato. Ele é tratado com descrição, sendo que teria todo o potencial para ser bombástico. 
Se você garimpar nas notícias de fontes sérias vai saber que:

- O Gabinete é subordinado à Presidência da República, apesar do governo dizer que ele não tem função relevante e que não despacha questões importantes para o governo (para que ter, então?). Se o Presidenta Dilma não sabe do que acontece neste escritório, com certeza Gilberto Carvalho sabe.

- De acordo com as notícias, Rose é pessoa próxima de Lula, várias notícias falam sobre uma "relação de afeto" entre eles, alguns falam que ela é amante de Lula, e outros dizem que ela se apresentava como "Namorada do Lula".

- Cargos importantes parecem ter sido distribuídos sem a análise devida, apenas pela afinidade com Rose (e consequentemente por Lula, já que ela em si só é personagem relevante pelo vínculo com Lula). A diretoria da ANAC, que regula toda a aviação brasileira, teria sido dado para o ex-marido de Rose. Há suspeitas de desvios de dinheiro também.

A gravidade dos fatos não condiz com a repercussão que eles tiveram. E é isto que me chama a atenção. Acho curioso que se alguém maltrata um cachorro milhares de fotos são trocadas e compartilhadas no Facebook, centenas de pessoas trocaram seus nomes nos perfis para incluir algum nome indígena para chamar a atenção do problema indígena brasileiro. Mas ninguém fala do Lula.

Não acho que seja ignorância da população nem da mídia. Existe um julgamento em andamento, daqueles que só se pensa, e não se fala. Um tipo de julgamento velado, que ainda sim é julgamento. É ele que gera os estigmas sociais, marcas que as pessoas carregam e que não são ditas, apenas sugeridas nas entrelinhas.

O silêncio, neste caso, prejudica o Lula e o PT. É um silêncio perturbador.

Talvez seja um jeito brasileiro de tratar um real escândalo, diferentemente dos americanos (que explorariam a questão moral do adultério), dos europeus (pelo tráfico de influência) ou dos japoneses (pela vergonha moral pessoal), talvez aqui no Brasil o silêncio seja o maior julgamento do caso. E posso garantir, como especialista em comunicação, que gerenciar o impacto deste silêncio vai ser o maior desafio dos especialistas em comunicação do governo, principalmente pelo fato deles imaginarem num primeiro momento que o silêncio é positivo para a situação. 
Não é. Veremos em breve como o silêncio vai se manifestar nas pesquisas de opinião e de satisfação.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

As 5 coisas Importantes sobre as Listas de 10 Dicas

Já tinha percebido que as listas estavam na moda quando uma Assessoria de Imprensa me disse: Você deveria organizar os seus posts do blog em formato de listas, tipo "10 Dicas para o Sucesso", ou algo do gênero.

Observando mais atentamente o formato dos artigos dos portais de negócios, percebi que as listas dominaram o pensamento corporativo. Por um lado as listas fazem um certo sentido, por outro não fazem sentido nenhum.

Por que fazem algum sentido?
Porque o trabalho precisa ser organizado, precisamos de listas do que fazer para fazermos nossos projetos irem para a frente. Até para irmos ao supermercado uma lista é bem-vinda. Elas ajudam a definirmos o que é prioritário, e o mais importante: podemos "dar baixa" nos itens que listamos. Uma das melhores coisas que existem quando trabalhamos é podermos, ao final do dia riscarmos tudo aquilo que tínhamos planejado para fazer e perceber que nada ou pouca coisa ficou faltando.

Não há dúvida que listas são importantes para gerenciarmos tarefas, o mundo está complexo e precisamos saber as mil e uma coisas a serem feitas. Mas é bom lembrar que estas são ações operacionais, num plano muito simples das atividades que precisam ser realizadas. Existem outras coisas que não podem ser circunscritas no mundo das listas, e fazem parte do mundo do trabalho. "Refletir sobre minha carreira" é uma questão fundamental, mas não faz sentido nenhum colocar numa lista de tarefas do dia. O que você vai fazer? Entrar no banheiro, fingir que está fazendo cocô e passar quatro ou cinco minutos pensando sobre isto?

Como "Refletir sobre minha carreira" não cabe no formato de listas a solução seria operacionalizar esta reflexão? Ao invés de colocar isto na lista, colocaremos então "Inscrever meu nome num site de empregos", "Atualizar meu currículo" ou "Fazer um MBA"? 
Estas tarefas só fazem sentido se antes eu "Refletir sobre a minha carreira". Se eu não parar e pensar sobre minha vida profissional provavelmente vou trocar um emprego por outro semelhante, fazer um MBA porque todos ao meu redor estão fazendo e coisas do gênero. Neste sentido as listas são uma grande armadilha para a vida profissional.

Por outro lado elas também podem ser um perigo pois estabelecem matematicamente um número fechado de atividades que, a princípio, geram um determinado resultado. Resumindo: Elas simplificam problemas complexos, fazendo com que eles pareçam mais operacionais do que realmente são. "7 Dicas para conquistar mais clientes" esquecem de questões difíceis, como por exemplo análise de mercado, características de sua equipe ou coisas do gênero. Listas como esta podem servir apenas para reforçar a sensação de que "já estou fazendo a coisa certa, todas as coisas da lista estão OK". É o bom e velho auto-engano travestido de motivação e organização. Pode checar as milhares de listas disponíveis: A grande maioria das coisas já fazemos, sempre sobram poucas coisas que precisaríamos fazer para sermos um sucesso. E enquanto estamos tentando implantar aquilo, surgirá uma nova lista, com um novo item, que novamente descobriremos que está faltando. É o cachorro correndo atrás do próprio rabo.

Quando dava aula de Planejamento Estratégico uma das coisas que meus alunos tinham mais dificuldade era separar o que era Estratégico do que era Operacional. As ações sempre estão associadas a uma estratégia. Eles tinham facilidade de definir as ações, mas muita dificuldade em definir as estratégias. 

De novo me lembro da frase do Baudrillard: Nossa sociedade adquiriu velocidade mas perdeu o sentido. Todos estão com pressa mas ninguém sabe para onde ir.

Muito cuidado com as listas. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Por que Ostentar?

Algumas pessoas simplesmente não entendem as razões de tanta ostentação nas redes sociais. A questão é muito simples: Desejo de Status.
O status não é só pura vaidade individual, muitas vezes é necessidade básica dentro de um contexto social.
Sem status não conseguimos nos posicionar dentro de uma sociedade hierarquizada. Vivemos em grupos, e dentro dos grupos há pessoas com maior ou menor grau de influência. E esta influência é determinada pelo status deste indivíduo: Quanto maior, mais influente será. E obterá maiores benefícios de acordo com sua posição neste grupo.

Acho louvável buscar a simplicidade, o caminho da austeridade, da economia, gastar menos, chamar menos a atenção. Tento seguir em muitos momentos da minha vida estes princípios. Mas a honestidade me obriga a  dizer que isto pode gerar duas coisas distintas:
1 - Pouco status dentro do grande grupo
2 - Relativo status dentro de grupos que valorizam estas questões.

Este é outro lado do status, ele é dinâmico, varia de acordo com cada grupo e época. Hoje as mulheres gordinhas estão buscando seu espaço entre as magras, mas até a década de 1960 (e durante alguns séculos) elas foram super valorizadas. Mulheres magras não pareciam boas parideiras, fortes o suficiente para cuidar da casa, da plantação, das crianças. Hoje os elementos que constituíam a base para a definição de uma mulher bonita são totalmente diferentes. E assim o status vai mudando.

Da mesma maneira acontece com a questão da sustentabilidade. Uma pessoa intensamente perdulária e que descarta excessivamente parece estar fora de sintonia com nossa época. Basta ver o exemplo dos carros de luxo nos Estados Unidos, eles diminuíram de tamanho, de consumo, e hoje os grandes carrões americanos são sucesso em países de terceiro mundo, como o Afeganistão. Busca-se ostentar sem desperdiçar.

Hoje convivemos com diferentes tipos de status, mas o da ostentação ainda é poderoso na sociedade ocidental. O excesso, o luxo absoluto, as extravagâncias que podem ser compradas, tudo isto ainda é parâmetro social de nossos tempos. 

Num aplicativo de fotografias, o Instagram, muitos destes perdulários demonstram sua capacidade de gastar fortunas e se divertir "like a boss" em seus perfis. O UOL fez uma compilação de fotografias de maços de dinheiro, champanhes que custam milhares de dólares e iates para quem tiver interesse no assunto. É a boa e velha Revista Caras, agora em versão digital e com os novos animais Alfa se expondo para o bando.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A importância de se comunicar através de imagens

Numa bela matéria da Fast Company, a pesquisadora Pamela Mayer criou um infográfico sobre Verdade, Mentira e Decepção.
Um artigo que poderia ser relativamente maçante se torna algo saboroso, intrigante. em especial pela estrutura escolhida, que lembra camadas de solo, algo geográfico. Impossível não adorar.

Para lembrar: Sem imagens, qualquer ideia vira artigo científico, chato e entediante.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Mais do que uma boa história, que tal ser Original?

Esta semana chamou atenção na mídia uma história simples, porém encantadora. Duas crianças queriam muito que o pai comprasse um gatinho para elas. O pai consentiu, mas impôs uma meta: se eles conseguissem 1.000 likes no Facebook o pai traria o gatinho.

Pela quantidade razoável de likes que o pai pediu suponho que ele tinha certeza que os garotos não conseguiriam (sei lá, o cara pode ser alérgico a pelos). O fato é que os dois conseguiram mais de 120.000 likes no pedido, chamando a atenção no mundo inteiro (Olha a cara de "eu quero um gatinho" da menina!). 

Quando ouço a galera de storytelling falando sobre redes sociais sempre discutem sobre temas como criatividade, inovação, entender a cabeça do internauta, mas acho este caso bom para lembrar da palavra Originalidade. Adoramos histórias com humor, com o Neymar vestido de Besouro, pôneis fofinhos endiabrados, mas não são histórias genuínas, como não são genuínas as histórias que acontecem nos Reality Shows, quaisquer que sejam. Mesmo os casos que passam nos canais fechados da TV em formato Reality são simulações de realidade, todo mundo imitando a realidade, é um estilo ficcional que foi se elaborando com o decorrer dos tempos (e que ainda funciona, nada contra, mas parece estar entrando em exaustão).

Vale o mesmo para as campanhas estilo Natura e Dove, onde se valorizam estilos diferenciados de beleza que fogem do padrão. São também formatos derivados dos testemunhais, mas que não são genuínas em sua essência. Podem aparentar sustentar um novo valor moral das minorias (ou uma estratégia visando atingir um número maior de pessoas, no estilo  Cauda Longa), mas não têm em si o gene da Originalidade.

Não é pelo fato de que uma campanha visa divulgar um produto que ela não possa conter a Originalidade. É que os publicitários e comunicadores estão viciados em maquiar, em ser um anteparo que faz com que o consumidor se relacione apenas com o cosmético que eles aplicam. A publicidade está tão preocupada com a maquiagem que está esquecendo de prestar atenção no rosto das empresas, dos produtos e dos serviços. É um vício, mas um dia ele acaba.

Foto Bizarra do Dia - Bush mordendo um gato

Sem mais, meretíssimo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Da promoção ao mimimi, vale tudo no Facebook!



Sim, é isto que todo mundo procura: ser amado e reconhecido. E isto que sinalizamos nas redes sociais.
A estrutura das Timelines impede uma visão mais ampla, mas se pudéssemos enxergar os posts das pessoas num período mais amplo daria para ver as oscilações de humor com mais clareza. 
(Na verdade dá para vermos isto, mas usando softwares específicos, fazemos isto na Joombo para nossos clientes).

Não há grande diferença do mundo real e do virtual neste sentido. O que há é uma grande arena virtual, um novo espaço público onde as pessoas desfilam e expõem seus sentimentos. Daí as pessoas darem "bom dia" ou "boa noite" nestes espaços, elas querem sinalizar algo para um grupo, não é para você especificamente, mas sim para um coletivo com quem ela se relaciona e que você circunstancialmente faz parte.

Existem algumas pessoas que não conseguem diferenciar a relação a dois e a relação com o coletivo, e jogam sentimentos e pensamentos a esmo, para todo o lado, parecem lavar roupa suja com tudo e todos. Mas estas pessoas geralmente fazem isto no mundo real também. E não estamos falando deste tipo de comportamento.

Pense comigo: O que faz com que uma pessoa avise que está gripada no Facebook? Por que ele vai até o centro da arena virtual e diz "gente, estou gripado e de cama"? Para não passar gripe pelo Facebook? :o)

Essencialmente este comportamento é um chamamento do grupo na sua direção. Mimimi virtual ativado, querendo colo virtual, querendo ser lambido pelos outros membros do meu grupo, quero aplacar a minha dor ou ser alentado pelos que me rodeiam.

Da mesma maneira acontece quando compro um carro novo e posto a foto dele no Facebook. O que quero? Ser admirado, respeitado, quero sinalizar algo como " Lembra do Alessandro, aquele do Uno Velho Caindo aos Pedaços? Agora ele é o Alessandro da Pajero Brilhante Nova".

" Ah, o Facebook não é isto... Na verdade ele é uma ferramenta de comunicação interessante, blablabla..."  Desculpe, ele pode ser até isto, mas a maneira como as pessoas usam vai muito mais no sentido de sinalizar para seus bandos do que propriamente uma ferramenta racional de comunicação no mundo virtual.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Agora Virtual

Nossa Timeline do Facebook nada mais é que um grande Agora, um momento presente que discute o presente. Não há muito espaço para reflexão, no máximo vinte ou trinta linhas, alguma legenda de imagem postada ou artigo que saiu hoje, agora, imediatamente.

Há uma questão interessante e positiva ao situar a experiência de vida no presente. Um monte de pensadores escreveu sobre "viver o presente": é o que temos, já que o passado e o futuro são ilusões, narrativas ficcionais, construções e elaborações mentais. O que nos resta é o presente.

Mas o estranho é que esta vivência do imediato não acontece apenas no mundo real, mas também num mundo virtual (redes sociais e coisas do gênero), e muitas vezes é auto-referente a este mundo, que curiosamente também não existe, como o passado e o futuro "reais".

Isto nos coloca numa situação esquisita, já que passamos a viver um Agora Virtual, não real, e acabamos usando este Agora Virtual como base vivencial.


Curiosamente a palavra Agora vem de Ágora, que era o espaço de debate em Atenas, onde o bom e velho Sócrates passeava e fazia questionamentos filosóficos e existenciais para os cidadãos. E hoje a Ágora é virtual, o espaço de debate são as redes sociais, onde mantemos contato com os conhecidos e os queridos e temos alguns debates, mas todos estes debates são permeados pelo Agora Virtual, pelo imediato, pelo noticioso e pelo auto-referente.
Nesta situação acabamos vivendo mais as construções de realidade dos outros (já vivíamos estas construções antes, mas hoje elas se tornam mais intensas), e juntos construímos uma nova e virtual percepção de realidade coletiva.
Será que não está na hora de relembrarmos o questionamento socrático, tentar investigar um pouco mais algumas questões que acabam ficando sem ser discutidas? Precisamos parar de remexer na espuma e nos aprofundarmos um pouco mais sobre este estranho mundo virtual em que achamos que vivemos. Não analisando nem teorizando, simplesmente vivendo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cachorro come Picanha?

Pois é: Bastou eu descer para comprar um sorvete no mercado aqui do lado de casa para ver este belo produto: Comida de cachorro sabor Picanha.

Como assim? Picanha? E lá cachorro come Picanha?

Mais do que isto, é muita projeção nos animais de estimação. Já passamos da fase do pessoal colocar roupinha no cachorro, levar o cachorro para cruzar em Motéis para Cachorro, e agora estamos fazendo comida alegando que ela tem sabor de comida de gente para gerar ainda mais projeção nas pessoas que têm bicho.


Fico imaginando o "cachorro especialista em churrasco" experimentando os sabores na fábrica:
- Humm, este biscoito têm gosto de Fraldinha. Mas está bem passada, não ficou bom...
- Este outro também não ficou bom, parece linguiça de frango, ninguém gosta de linguiça de frango!
- E se vocês fizessem um suco com gosto de caipirinha? Melhor! De caipi-sakê!

A melhor coisa do produto é que ninguém pode provar se ele têm mesmo gosto de Picanha. Se o cara comer, o marqueteiro pode justificar dizendo que as variações de sabor são para adaptar ao gosto canino, não é para consumo humano... Uma beleza.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Lula é marqueteiro de primeira

 Tudo têm um começo, um meio e um fim. Esta é uma regra que parece ser inabalável, e parece valer na política também. Em estados democráticos ela é perceptível em ciclos menores do que em estados autocráticos. Mas tudo começa e acaba.
Curiosamente na corrida pela prefeitura de SP parece que só o Lula percebeu isto. Dentro da disputa dos grandes partidos, ficou evidente que sua estratégia de escolher um rosto novo para SP foi bem sucedida.
Bastaria acompanhar um dia de horário eleitoral para enxergar que a população estava caçando algo novo. Russomano e Chalita se apresentavam como azarões no páreo: Russomano parecia não ter partido, suas bases políticas não eram claras, e ele mesmo fazia questão de dizer isto. Se colocou numa luta Homem X Partidos, que têm sua empatia, mas sua solidão acabou o consumindo. Já Chalita representava um partido que sempre era lembrado como um partido de vices, ou seja, faz tempo que o PMDB não encabeça uma candidatura em SP. Como candidato a prefeito, Chalita parecia ser um ótimo candidato a vice. 

Mesmo nestas condições, os dois candidatos obtiveram boas respostas do público.

E o míope e sem base popular PSDB? Ofereceu mais do mesmo para a cidade. O que Serra pode oferecer, no fundo, é mais de Kassab, mais do mesmo. Kassab, apesar das diferenças, é absolutamente o que o Serra se propõe a ser: Um gestor, um gerente de um enorme grupo de pessoas. E não um aplicador de uma nova política para a cidade. Se Alckmin tentar seguir carreira política no Executivo terá o mesmo problema. Não há nada de errado em buscar uma gestão competente (não que eles tenham conseguido, mas é o que vendem).
E neste sentido todas as palmas vão para o Lulismo, ancorado na figura de Lula, que independentemente do que o PT queria ou pretendia, escolheu um perfil novo, que oxigenou o debate sem perder a sensação de solidez que um partido traz.


Apenas vale o alerta, dentro desta reflexão, que o Haddad é uma situação provisória quando falamos de inovação na política, este tipo de estratégia funcionou parcialmente, pois se há algo para prestar atenção nesta eleição em SP são os votos nulos e abstenções, que mostram claramente que os paulistanos ainda estão procurando o que querem, e que até toparam o Haddad, mas não era exatamente isto. E o Haddad vai ter de suar para trabalhar com esta base de insatisfeitos. Hoje o desafio dele não vai ser governar com um grande número de anti-petistas, eles estão em extinção.
A briga vai ser convencer este número enorme de insatisfeitos com a política que algo pode ser feito pela cidade. E mesmo que conseguir fazer, vai ter de conseguir que as pessoas achem que ele realmente fez algo de relevante, trabalhar com a percepção das pessoas e com um modelo de gestão que não só privilegie a "manutenção do trem nos trilhos".

Não sei se o Haddad está prestando atenção nestas coisas, mas garanto que o Lula está.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Bônus sem o Ônus - É possível na Internet?

Nos tempos pré-internet já se dizia que não há como ter Bônus sem Ônus. Num mundo totalmente conectado, podemos até questionar a hipertrofia dos benefícios ou dos prejuízos que a hiperexposição pode trazer, mas que eles existem não há dúvida.
É o caso da família Ourfali, que teve o vídeo do bar-mitzvá de Nissim divulgado no YouTube e que virou um sucesso espontâneo, projetando a família na mídia da noite para o dia, ou mesmo antes disto. O que era para estar na esfera do privado involuntariamente vai para a esfera pública.

A família tem todo o direito de pedir que o vídeo seja retirado do ar, dificultando a disseminação das imagens. Mas curiosamente o faz depois de um bom tempo de exposição. Parece que aproveitou a onda de sucesso inesperado e depois cansou da brincadeira. Quer parar de brincar, e será que dá para parar de brincar nos tempos de hoje?

Há casos de artistas que tiveram imagens indevidamente divulgadas e que imediatamente procuraram meios legais para ter seus direitos preservados. Mas não é o caso aqui. Só depois de um certo tempo que a família se movimentou (ou é o que parece). E aí que fica a dúvida: Por que demorou tanto? Estranho.

Ao mesmo tempo o fato relembra a questão de vivermos numa época em que temos pouco controle sobre nossa imagem. A partir do momento em que nos pronunciamos (ou fazem isto por nós), fica praticamente impossível apagar aquilo que foi dito, ou, no caso, filmado e publicado...

Mesmo os céticos têm fé

Nem que seja fé no próprio ceticismo, até o mais cético dos humanos acredita em alguma coisa.
Estava pensando nisto quando tomei uma pílula para dor-de-cabeça hoje de manhã.
Por que eu tomei? Por que eu tenho fé nela. Ou alguém sabe realmente o que é Ácido Acetilsalicílico? Que raios de substância é esta?
O mesmo vale para a pasta de dente com clareador. Alguém já ficou com os dentes mais brancos? Só no Photoshop dá certo. Toda a vez que eu compro pasta de dente fico olhando as inúmeras variedades disponíveis, todas elas prometem alguma coisa que ninguém comprova, mas tem fé que vai servir para alguma coisa.
E o desodorante que protege por 48h? O que eu experimentei durou três horas se tanto...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Mistérios do Arouche

Para quem não conhece o meu querido bairro, o Arouche, provavelmente não vai entender este pequeno serviço de utilidade pública, mas para quem conhece a área, sabe que o assunto é sério. Ou não...
:o) 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Gangnam Style ou Como o Riso pode Superar a Sinalização Dispendiosa

Para quem não sabe "Sinalização Dispendiosa" é um conceito criado nos anos 1960 a partir da observação das estratégias de animais sociais para se posicionarem dentro de seu grupo, quer seja para se afirmarem perante seus pares, quer seja para obterem  maiores chances de reprodução (as duas coisas na verdade andam juntas).
De pássaros a humanos, há uma série de animais que buscam aparentar ou demonstrar algo acima de suas possibilidades. No caso dos animais, muitas vezes é a força ou a habilidade em realizar manobras que exaurem suas energias. No caso dos humanos dos dias de hoje, a sinalização muitas vezes se apresenta em forma de exuberância de consumo.
Esta tentativa de impressionar os seus pares não é recente, faz parte da nossa história evolutiva.

Da mesma maneira o Riso é antigo conhecido de nossa raça. Curiosamente ele evolui de um ato de confrontamento. Ao se sentir ameaçado, mostramos nossos dentes, para mostrar nossa capacidade de gerar danos no adversário. Eriçamos os pêlos também, para aparentarmos ser maiores do que somos.
Mas com o tempo o ato de mostrar os dentes se tornou o Riso. e temos neurônios especializados capazes de gerar mimetismo motor perante ele, ou seja, se alguém ri para a gente os neurônios-espelho identificam esta expressão e tendemos a rir também. O que surgiu como sistema de defesa (ou contra-ataque) hoje é uma das bases da empatia.

Gangnam Style, o sucesso pop coreano do momento é uma prova de que o Riso pode ser uma poderosa forma de contestação social à Sinalização Dispendiosa e aos símbolos de status decorrentes dela. A música eletrônica é de boa qualidade e o vídeo (e a letra) ironizam o bairro elegante de Gangnam em Seoul, na Coréia. A ironia vai na direção também daqueles que não são da elite, mas que tentam se comportar como ela, numa tentativa de "alpinismo social".
Além do fato de confirmar definitivamente a importância da cultura coreana nos tempos de hoje, o vídeo também mostra que o humor pode ser uma ferramenta incisiva perante os símbolos de status vigentes.

Curiosamente outros símbolos perdem a relevância. A sátira criada pelos alunos do MIT, universidade de elite americana, mostra esta transição. Estudar numa das mais importantes escolas do mundo parece não ser tão importante quanto ser Pop. Tanto que a paródia que eles fizeram parece querer aproveitar o sucesso da música para projetar uma imagem da instituição que, a princípio, deveria falar por si própria. Assista e veja como parece um vídeo institucional gozadinho.


Fico feliz que o humor tenha ganhado na luta com as sinalizações de status. Mas me deixa meio apreensivo saber que uma universidade do porte do MIT precise fazer um institucional para poder afirmar que têm algum valor no mundo de hoje.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

FECAP - Como melhorar a comunicação e gerenciar o cenário

 Trabalho há algum tempo com comunicação, e já fiz alguns importantes projetos na área de Fusões e Aquisições e Mudanças de Gestão (M&A e Change Management, se preferem).  Desenvolvi metodologias de pesquisa para monitorar Clima Organizacional e minha área de pesquisa acadêmica são as ciências cognitivas aplicadas ao universo do trabalho.

Todo este prólogo é para dizer que tenho algum conhecimento de causa quando falo sobre estes assuntos.

Estou acompanhando atentamente as notícias sobre uma possível venda da FECAP, centenária instituição de ensino de SP. Trabalhei nela por quase dez anos, e tenho amigos do coração que ainda trabalham lá. Minha filha estuda lá. Tenho grandes vínculos afetivos com a instituição e adorei a época em que trabalhei na FECAP, como professor e coordenador.

Surgiram boatos (a boa e velha Rádio Peão) que a instituição seria vendida. Há mais de ano circulam estas notícias pelos corredores, mas de forma relativamente controlada.
No segundo semestre deste ano a notícia estourou nas salas de aula da graduação: Existiria um grupo de investidores realmente interessado em fazer negócio com a FECAP.

Conflito de informação: A instituição negou com ênfase qualquer tratativa, mas notícias dos bastidores confirmavam uma possível negociação. O resultado? Os alunos foram estimulados a participar do debate. E os professores também.

Nada mais justo os alunos e professores quererem participar, mas a maneira de participar é relevante.  Dá para participar ajudando e dá para participar atrapalhando o processo.

Travestido de movimento cívico (Luta pela Centenária Instituição, Orgulho da identidade da Fundação, entre outros), cada grupo envolvido na verdade está preocupado com questões mais cotidianas e próprias. Os alunos temem que sua graduação "perca valor de mercado", algo como se você estudasse na ESPM e de repente soubesse que ela foi comprada pela UNIBAN. O investimento que o aluno fez em um diploma teria depreciação como sinalização social e perderia competitividade no mercado. 

Os professores temem por seus empregos, e pela possibilidade de redução salarial. Argumentam que as faculdades "populares" pagam menos do que as de nicho. E alguns têm participado ativamente das manifestações, insuflando alunos, o que é absolutamente questionável.

A comunicação oficial da instituição tem sido pouco ágil em atuar na situação. 

Conclusão? O cenário está armado, e no estilo "todos perdem".

Algumas coisas chamam a atenção:


1 - Diante da visibilidade dos elementos que geram a insegurança no cenário, a comunicação oficial poderia trabalhar com estes temas para minimizar o impacto de uma possível negociação. Se o medo dos alunos está associado a ter um diploma menos valorizado, este é um assunto para a pauta desta comunicação. Avisar aos alunos que mesmo que a FECAP fosse vendida a instituição garantiria um diploma com a marca FECAP para todos que estão cursando no momento. O aluno não está tão interessado nos rumos comerciais, mas sim naquilo que impacta a sua vida. Diploma, grade curricular, mensalidade, estas coisas interessam.


2 - Reunião presencial com os professores é bom, e comunicados também. Mais do que isto, é importante informar aos professores sobre a responsabilidade que eles têm ao insuflar alunos contra a instituição, e também é relevante dar algum tipo de informação sobre o que está acontecendo e o que pode acontecer com o grupo de professores caso a instituição seja vendida.


3 - Lideranças de alunos e de professores devem ser convocadas, separadamente. É necessário compreender os motivos que os levam a atuar neste cenário e qual a representatividade que eles têm. Alguns alunos, em tempos de Facebook, podem estar sendo motivados por vaidade ou tentativa de projeção social (uma minoria é motivada pura e simplesmente pela bagunça, o resto quer saber o que está acontecendo), e há inúmeras maneiras de atuar com pessoas com estas motivações. 
Professores querem segurança: analise o que pode ser oferecido neste aspecto e cumpra o que prometeu. Caso as lideranças não queiram negociar exija novos representantes dos grupos.


4 - O Jurídico deve ser acionado, já que a marca está sofrendo impacto com o processo e sendo utilizada de maneira indevida (como no caso das redes sociais). Como há documentação de sobra das atividades dos queixosos, cabe a instituição buscar reparar os ataques que a instituição está sofrendo. É melhor mostrar que existe uma preocupação com a marca mesmo que ela seja "retrógrada" e pouco democrática (como acionar o Jurídico) do que passar a a sensação de desleixo com a identidade da instituição.


5 - Vale a pena contratar uma consultoria para ajudar nesta situação. Um grupo de pessoas de fora tentando ajudar pode ser bastante útil no cenário. Não me ofereço pois ainda me considero "de dentro", mas conheço um monte de gente qualificada para atuar neste cenário.

Espero que tudo dê certo neste processo, seja lá qual for o resultado. Torço por um final feliz e sei que com um plano de gerenciamento de crise a situação pode ser controlada.

Cuidado com os extremamente coerentes

Não é possível viver sem mudar de ideia. Se uma pessoa passa pela vida sem mudar seu pensamento será que ela aprendeu alguma coisa?

sábado, 27 de outubro de 2012

Teste de Paciência de Hoje - Atendimento telefônico Itaú

Tenho recebido cobranças indevidas do Itaú, relativas a uma conta que já encerrei. Mas a equipe de cobrança do banco provavelmente não têm acesso ao próprio sistema deles, que mostra que a conta não existe mais.
Em horários exóticos (a noite, sábado de manhã...) recebo SMS do Itaú pedindo que eu entre em contato com uma central de atendimento. Já liguei umas dez vezes, e nove delas simplesmente ninguém atendeu. E fico ouvindo aquele barulho de gente conversando, de cara rindo, parece que tiraram o telefone do gancho e você fica lá ouvindo o ruído ambiente.
Na única vez que atenderam um cara me disse que constava um débito, e que eu precisava pagar. Aí expliquei que a conta já tinha sido encerrada, que foi na agência República, dia tal, hora tal...
Aí o atendente me disse que eu tinha de provar que tinha encerrado a conta, mandando os papéis via fax para determinado número. Foi nesta hora que desacreditei. Um banco que cuida de meu dinheiro eletronicamente não tem os dados que eu encerrei a minha conta? Como assim? O cara não consegue encontrar uma informação desta? 
E dá-lhe cobrança, e mais SMS toda semana.
Alô Itaú? Prova total de incompetência, hein? Não está na hora de rever este sistema aí não? Cadê o responsável pelo atendimento ao cliente que não está monitorando estes processos?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sobre Privacidade no Mundo Digital


Pronto! Bastou o Fantástico fazer uma matéria sobre privacidade nas redes sociais que todo mundo ficou espantado! Deu para ouvir o coro de velhinhas horrorizadas na minha timeline.
O nome disto não é Ignorância, nem Manipulação (dos donos malvados das redes). O nome disto é Hipocrisia.
A base lógica para a existência das Redes Sociais não é a Comunicação entre pares, isto se chama telefone. Rede Social serve para bisbilhotar a vida dos outros (tem outras razões do ponto de vista evolutivo, mas fica para um próximo texto).
Sim, eu sei, você não age assim, claro, eu entendo. Você faz parte do grupo de pessoas intelectualizadas e sensíveis que usam o Facebook para salvar índios e combater a corrupção. E além disto também manda mensagens motivacionais, para melhorar o dia de seus contatos. Hummm...

Ninguém assume o Voyeurismo, grande sedutor do mundo digital, em especial das redes sociais. E ninguém quer saber, ou se faz de desentendido quando aparece a óbvia questão:

Se eu consigo enxergar as intimidades de todo mundo
Logo…
Todo mundo consegue enxergar minhas intimidades

O fascínio que temos pela figura do Hacker, do ponto de vista arquetípico, não está associada só a rebeldia "contra o sistema". O que nos encanta é sua invisibiidade, da mesma maneira que os grandes ícones sociais hoje são invisíveis, como o grupo Anonymous de ativismo digital ou o Banksy, maior grafiteiro da Inglaterra (talvez o maior artista vivo hoje no mundo).
Queríamos o manto da inviabilidade do Harry Potter, para podermos ver sem sermos vistos. Mas isto não é possível, portanto nos enganamos e fazemos de conta que estamos invisíveis, e quando alguém nos relembra de nossa visibilidade, ficamos indignados. Como a história de " O Rei está Nu"…

Nós que trabalhamos no universo digital temos ferramentas poderosas para identificar quem está onde, fazendo o que, tem interesse no que, e tudo mais. Um exemplo: Quando fazemos Links Patrocinados definimos localização, idade, gênero, tipo de navegação, horário… de uma maneira muito, muito precisa. Podemos focar uma campanha com precisão.

Mas com as redes sociais a coisa se tornou mais específica ainda. Quando fazemos campanhas no Facebook podemos segmentar de uma maneira tão absolutamente precisa que se você visse com certeza iria se juntar ao coro das velhinhas lamentando a perda da invisibilidade.
Quer ser invisível no mundo de hoje? Torne-se um super hacker, apague todos os dados relativos a sua pessoa das redes sociais e dos órgãos governamentais e vá morar numa ilha deserta. E não esqueça de desligar o Iphone, senão ele vai mandar para a Apple sua localização via satélite...

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Repare neste pequeno detalhe...

Quando você contrata um serviço quer saber como ele vai ser feito, certo? Afinal de contas, se o cara vai tirar o telhado da sua casa durante a reforma é melhor você estar preparado...
A política brasileira é construída em cima de ideias e de ex-ideologias, mas nenhum candidato explica como vai fazer as coisas mirabolantes que inventa durante a campanha.
Falar que vai fazer tais coisas e depois tentar explicar as razões que impediram a realização daquilo que prometeu é Vender e Não Entregar.
Simples assim.