quinta-feira, 30 de maio de 2013

Pode vender relógio falsificado nos sites de Compra Coletiva? Como assim?

Como um monte de homens que conheço, adoro relógios. Sempre estou de olho em modelos novos. E hoje os portais estão lotados de publicidade de sapatos e relógios.
Há alguns meses tinha visto um banner oferecendo um Tag Heuer por menos de R$ 200,00. Basta uma pesquisa rápida para ver que os modelos desta marca custam de R$ 1500,00 a R$ 15.000,00. E o site de compras coletivas oferecia por um preço absurdamente barato. Na verdade um preço impossível.
Depois vieram anúncios de outras grifes, mas agora com a chamada "Relógio Modelo Armani", "Estilo Diesel", e coisas do gênero.
Não tem ninguém monitorando isto? Nenhuma marca, importadora ou loja oficial se incomoda?
O custo para construir uma marca, aliado ao custo de desenvolvimento de produtos de luxo é altíssimo. Fico intrigado com estas propagandas em todos os portais e ninguém comentar. Nem os próprios portais se incomodam, anunciam como se nada fosse.
Parece que os órgãos públicos também não tem nada a falar sobre o assunto, simplesmente os produtos estão lá, a venda.
É no mínimo curioso pensar que a Polícia faça batidas e blitzes regularmente em centros que vendem produtos contrabandeados, como na 25 de Março e nos Stand Centers espalhados por São Paulo, mas deixe que produtos falsificados sejam vendidos online. Será que estes relógios vendidos nos sites de Compra Coletiva são importados regularmente, com nota fiscal e tudo? Tenho minhas dúvidas...

Itaú - Dez anos de esgoto a céu aberto na Rua Augusta

Hoje fui levar minha filha ao Ballet e tive de enfrentar novamente um rio de esgoto com cheiro fétido que desce na frente da porta do Stagium. Como cheguei antes do horário da aula, entrei numa loja e comprei uma lousa branca que estava faltando no escritório. Quando saí, um carro em alta velocidade passou numa poça daquela água de privada e jogou tudo na gente. Se eu não estivesse com a lousa para me proteger teria ficado encharcado de água com cheiro de merda.

Depois de buscar um álcool gel no carro para uma higiene básica, resolvi seguir o rastro daquele monte de água (parece que estão esvaziando uma piscina cheia de água suja) e cheguei na frente o Itaú. Fiz um filme para registrar tudo, está no final do post (ou se preferir, está no YouTube). O esgoto sai da frente da agência e corre solto pela rua.

Na saída do Ballet encontrei uma viatura da Polícia Militar, que estava parada por perto. Quando fui perguntar o que estava acontecendo com aquele esgoto, ele olhou para mim e disse:

"Isto tem mais de dez anos... O Itaú já foi intimado judicialmente, a polícia já foi chamada inúmeras vezes ao local e nada... É uma vergonha".

Pois é, e ninguém faz nada. O policial deu até um sorriso e apoiou quando eu disse que ia postar no blog. Ele acha que a sociedade tem de se mobilizar.

Eu também acho...
Imagino o pessoal com aquelas bikes do Itaú passeando pelo local...















terça-feira, 28 de maio de 2013

E a Catho? É ético o que eles fazem?

Estava discutindo os diferentes modelos de comercialização de produtos e serviços quando um de meus alunos me fez esta pergunta sobre a Catho:

“É ético o que eles fazem?”

Faz um certo tempo que as discussões éticas não aparecem em aulas de marketing.  Parece que de vez em quando temos de lembrar a turma que o limite ético varia de época para época, mas existem algumas coisas que são aceitáveis, e outras não. Se existem matizes de cinza entre o certo e o errado, também existe o totalmente preto e o totalmente branco.

A aula era especificamente sobre modelos de comercialização, existem muitos, principalmente depois do surgimento da Internet e dos e-business. Um dos exemplos que dei durante a aula de Marketing era em relação às agências de publicidade que cobram BV – Bonificação por Volume. Este é um modelo onde a agência recebe do cliente e do fornecedor, o que para alguns gera conflito de interesses, mas é bastante comum no meio.

Coloquei a turma para debater, e analisar os vários modelos disponíveis de atuação. No final da aula, já saindo da sala, um aluno me perguntou:

“E a Catho? O que eles fazem é ético?”


De acordo com a explicação do aluno, o site é pago, e as pessoas pagam na expectativa de obter um emprego, mas a grande maioria não consegue nada.

Mais do que isto, vendem uma imagem de que conseguem arranjar emprego para montes de pessoas, mas as pessoas que conseguem arranjar emprego seriam aquelas que têm bons currículos, experiência, ou seja, aquelas mesmas que conseguiriam ser empregadas sem pagar por isto.


Antes de responder se o serviço é ético ou não, resolvi pesquisar um pouco mais sobre a Catho na internet, e achei um bom número de sites e blogs reclamando do esquema da Catho. Alguns reclamam que a fase gratuita (sete dias grátis) acaba e você não é informado, só descobre na hora em que o boleto de cobrança chega. Outros dizem que a quantidade de vagas é superdimensionada (preciso pesquisar mais para entender). E tem algumas matérias de revistas falando que a empresa invadiu os computadores da concorrente para roubar currículos.

Numa época onde existem outros modelos na Internet, cobrar para colocar o currículo num banco de dados parece no mínimo anacrônico. Mas fica realmente a dúvida se é algo ético ou não, já que eles não podem garantir que vão arranjar um emprego para as pessoas que estão pagando justamente para conseguir isto.

Se compararmos com a discussão que está acontecendo nos portais – acesso pago a conteúdo – seria como se pagássemos para poder acessar áreas restritas de um site de notícias e o portal dissesse para a gente: “ Você precisa pagar para acessar este conteúdo, mas não podemos garantir que você possa ler as notícias, depende mais de você do que da gente”.


Estranho né?

Vou pesquisar um pouco mais para entender, mas parece bem estranho o modelo...

sábado, 4 de maio de 2013

O Efeito Vila Madalena: Sustentabilidade ou Consumo "Alternativo"?

Há uma bela hipocrisia no estilo de vida da maioria das pessoas "alternativas", "socialmente responsáveis", ou "orgânicas".  Chamo isto de "Efeito Vila Madalena".

Do ponto de vista cognitivo este fenômeno é simples de explicar. A maioria de pessoas têm um certo receio, ao entrar no mar, de ser atacado por um tubarão, certo?
Mesmo sabendo que as chances de morrer caindo um coco na cabeça delas, serão raras as vezes que você vai ver alguém olhando assombrado para um coqueiro, ou mesmo tendo pesadelo com eles.

Estas pessoas acreditam que o "capitalismo malvado" tenta a todo custo estabelecer um e apenas um estilo de vida, e elas buscam caminhos alternativos para se posicionarem perante este mundo. Como se dissessem "Eu não engoli o seu modelo de vida massificado! Sou autêntico e busco minhas verdades, e dentro delas não aceito produtos padronizados, quero respeitar o meio ambiente, quero um mundo melhor e mais saudável".

Aí o cara compra um carro novo a cada dois ou três anos (?), trabalha para multinacionais altamente poluentes (?), compra produtos tecnológicos como Iphones (?), etc. Mas quando pretende criar uma impressão social para si mesmo e para os outros, vai num restaurante vegetariano na Vila Madalena e anda de bicicleta no Ibirapuera. Final de semana vai para Juquehy tomar suco em caixinha e usar repelente.

Esta vida pseudo-alternativa -  já que de alternativa ela têm apenas um modo de consumo que determina que o cara está dentro de um nicho de gosto específico (e portanto precisa ser atendido pelas indústrias) - ganhou inúmeros adeptos nos últimos tempos.
Veja a Vila Madalena como referência. De bairro boêmio e improvisado se tornou num complexo de entretenimento e consumo semelhante a uma Disneylândia, que inclusive você pode morar dentro dela, se tiver alguns milhões de reais para pagar num apartamento onde fritará suas cenouras orgânicas na churrasqueira Wok produzida por escravos do terceiro mundo genuinamente certificados por alguém.

Quase quatrocentas pessoas morreram em Bangladesh dentro de um shopping construído de maneira ilegal que produzia peças de roupas para grandes lojas do Primeiro Mundo (leia meu post sobre o assunto clicando aqui). E o mais chocante é entrar no site destas gigantes e ver os belíssimos "Projetos Sociais" nos países emergentes. Conteúdos de cores vibrantes, de cultura exótica. Que não combinam com o buraco gigante que engoliu mais de três mil pessoas na semana anterior.

E foi isto que aconteceu semana passada, bem do lado do Feriado do Dia do Trabalho.
Não precisa dizer que o prédio gigante engolido em Bangladesh era de um líder do crime organizado daquele país, temido e conhecido mafioso, acima do bem e do mal naquele lugar, basta ver a matéria clicando aqui.

Você tem certeza que leva uma vida tão saudável e tão socialmente responsável como vende para os outros? Ou será que está na hora de parar com esta hipocrisia e enfrentar os problemas de frente, para efetivamente mudar alguma coisa, ao invés de consumir produtos que só te trazem status, coisa tão criticada por você mesmo e justificativa para que consuma este tipo de produto "alternativo"?





quinta-feira, 2 de maio de 2013

Você compraria um Cheiro Azul?

Imagino que seu cérebro racional diria: "Claro que eu não compraria! Azul é cor e não Cheiro!"

Mas um monte de gente está comprando. Descobri o absurdo num banheiro de um amigo. Quando olhei o spray estava lá,  e o aroma era ... Azul Coral.

Ninguém em sã consciência compraria um produto que pretende ter o cheiro de uma cor, mas a pergunta então é: Por que as pessoas compram?

Parte do Marketing é associar imagens a produtos, criando cenários que induzam o consumidor a ter uma experiência sensorial amplificada, associando algumas coisas a outras que não são óbvias na mente do consumidor. Um exemplo: Uma Cerveja pode gerar associações como alteração de consciência (vulgo bebedeira), bafo e falta de senso crítico. Nenhum destes itens é utilizado numa estratégia visando aumentar o volume de vendas. Por razões evidentes...
Há alguns itens que são reforçados na comunicação de uma marca de cerveja, como celebrações, reuniões de amigos e diversão. o que muito provavelmente vai acontecer quando beber cerveja, mas sempre é bom lembrar o consumidor destes fatores.
Mas outras coisas simplesmente são estímulos estranhos ao consumo do produto, como o aumento de sua possibilidade de encontrar uma bela fêmea e rolar um clima entre vocês. A chance disto não aumenta com o consumo de bebida, você não se tornará mais atraente para o sexo oposto ao beber. Mas 90% da comunicação de cervejas conecta uma coisa à outra.
E estranhamente você (do sexo masculino) acredita nisto, quer tanto acreditar que se auto-ilude. Ou é dominado por sentimentos que não tem controle como achava que tinha.

Estas imagens usadas pela publicidade são poderosas, que você não tem controle sobre elas. Não há nada de racional em vender um spray anti fedor com aroma Azul Coral. Inclusive Azul e Coral são coisas que associamos ao Mar, mas não associamos Coral à cor Azul imediatamente.
Porém... se juntarmos tudo... parece fazer algum sentido em nossas cabeças. Há um cenário construído pelos elementos, onde há natureza, praia, tranquilidade, mar. A imagem remete a um ambiente descontraído e de paz, onde nos sentimos a vontade, e de bem com a vida.
Mas usar um spray que encobre cheiros de animais, mofo (e outras coisas que fazemos no banheiro) não vai nos levar para este ambiente de paz que o produto pretende. Vai só disfarçar o mau cheiro, ou se misturar a ele num odor estranho.

Quantas vezes por dia você compra coisas induzido por este tipo de imagens? Por que compra este tipo de coisas? Já parou para pensar?
Ou você acha que é o marqueteiro que é malvado e está te induzindo a ser enganado, pobre consumidor? Você é totalmente manipulado o tempo todo, pelo mercado cruel? Como você é coitadinho. Ou não lê o que compra?

Na sua mente, lá no fundo, tudo parece fazer sentido, mas se parar e pensar um segundo, vai ver que está construindo um mundo ao seu redor beeeem estranho...